Era uma vez, eu.
Eu nunca tinha sido muito namorador ou pegador. Na verdade, antes de me converter, só havia namorado uma moça, que depois virou até minha cunhada por um tempo e mãe da minha sobrinha (é, ela engravidou do meu irmão), mas só durou (comigo) duas semanas.
Quando eu estava no 2° ano do ensino médio, conheci a Gigi. Primeiro ela começou a gostar de mim, mas como eu era muito devagar para essas coisas, ela desistiu. Então eu comecei a gostar dela, mas quando fui me declarar, levei um fora. Eu nunca tinha levado um fora na minha vida; já tinha dado muitos foras, mas levar um – foi uma experiência traumática, a ponto de, no meu vazio, eu começar a visitar algumas igrejas com um amigo meu que era evangélico.
Então, no dia 15 de julho de 2000, eu me converti. Muitas “pretendentes” apareceram na igreja, mas eu tava numa época tipo “eu quero é Deus, somente”. Na época eu frequentava uma igreja grande, com muitas boas moças, e muitas outras nem tanto assim.
Depois me mudei para uma igreja “filial” da que eu frequentava – uma congregação. Lá tentaram até armar pra mim com relação a algumas moças, mas eu não quis, a ponto de algumas pessoas pensarem que eu “jogava no outro time”. Mas a questão era que eu sempre levei essa coisa de relacionamento muito a sério – eu queria namorar alguém que eu pudesse casar, levar pra passear, mostrar com orgulho para os meus amigos e conhecidos – e como na época eu era um tipo “metro-espiritual”, eu queria alguém que fosse um espetáculo de espiritualidade.
Um belo dia de 2003 eu conheci a Márcia; ela era do tipo que eu sempre quis: ultra-mega espiritual, e bonita, logicamente. Ela era bem “pentecostal”; profetizava, falava em línguas e tudo mais. Começamos a conversar e a sair – escondidos – até o dia em que fomos ao Shopping e fomos vistos pela minha irmã, que falou pra minha mãe, que por sua vez me esculhambou; afinal, Márcia era somente cinco anos mais velha do que eu. E minha mãe insistiu tanto que eu acabei desistindo do relacionamento, além de que depois de um tempo, o relacionamento começava a dar sinais de que não ia dar certo mesmo. Apesar de tudo isso, a igreja apoiava, pois eles achavam que éramos um par perfeito, com muito potencial (aliás, a “ingreija” não tá nem aí se há amor, ou verdade, ou sinceridade, ela só vê o “potencial” do relacionamento e a questão de tudo estar “direito”).
Depois eu conheci a Anne. Na verdade eu já a conhecia de vista desde a época em que me converti. Ela ficou famosa por num retiro em 2001 ter pego o microfone e ter dito algumas verdades para a igreja-mãe – todos a odiaram.
Mas em 2004-2005 a conheci melhor, durante e depois de uma viagem missionária no interior que acompanhamos. Do nada começamos a conversar e falar no telefone por horas, até o dia amanhecer. Dessa vez eu não me declarei, e nem ela, até porque ela já tinha um namorado, mas que na época estavam separados/terminados pois ela não o aguentava mais – ele era do tipo possessivo. E eu fui um “cavalheiro” e resisti à tentação de ser um “fura-olho”. E eu só soube que ela gostava de mim e ela soube que eu gostava dela muito tempo depois; mas na época não rolou nada. Alguns amigos mais chegados que percebiam que havia uma amizade meio colorida nos apoiavam, novamente pelo motivo do “potencial”.
Enquanto isso, a Monik entrava na igreja. Ela passou a infância na igreja, mas na adolescência se “desviou”. No final de 2004, ela passou a frequentar a minha igreja; eu achava ela muito fútil (não tinha nenhuma das “qualidades” que eu apreciava numa “mulher de Deus”). Na época, havia uma moça na igreja que discipulava as outras moças (ou ao menos tentava) que passou a discipular a Monik (discipular significa ensinar, acompanhar a pessoa para que ela cresca na fé). De todas as moças da igreja, Monik foi a que mais se desenvolveu e melhorou, a ponto de, quando a moça que as discipulava foi embora, Monik assumiu o seu lugar.
Assim nos tornamos amigos. Ela passava por maus bocados na época. Muitos problemas familiares, a ponto de ela ter saído de casa uma vez. Seus amigos na escola a ignoravam por causa das mudanças que ela estava vivendo. E pra piorar: algumas pessoas na igreja acharam que todo o sofrimento que ela estava vivendo e que às vezes demonstrava – pelas lágrimas – era “frescura” e que ela deveria “ser forte”. Algumas dessas pessoas acabavam tirando ela do sério, e quando ela esculachava, diziam: “olha aí, tá vendo?”, pois ela nunca foi fingida, nunca teve papas-na-língua mesmo. Vendo o nosso “potencial”, muitas pessoas passaram a se intrometer na nossa vida, umas querendo ser “cupido”, outras querendo ser “anti-cupido” ( nas igrejas isso é normal ).
Então comecei a me interessar realmente por ela – e isso depois de um tempo se tornou recíproco. Conversei com meu pastor (afinal, nas “igrejas”, agente tem que pedir permissão ae pra mijar – principalmente nas igrejas que trabalham com célula, discipulado e etc.) Mas nada fiz, pois sempre fui muito devagar nesses assuntos. Até que um dia eu não aguentava mais; quando eu não a via ou não falava com ela, era como se eu não devesse se quer ter acordado naquele dia; assim eu a pedi em namoro.
Daí pra frente, a coisa começou a se complicar.
O pastor não tinha o que fazer, e resolveu nos “apresentar oficialmente como namorados” diante de toda a igreja. E assim foi, e num lotado culto de escola dominical.
Quando eu desci, uma turma que odiava ela chegou a mim e me questionou, praticamente dizendo: “mas que palhaçada é essa”. Foi isso mesmo! Assim, como se eles fossem meus donos, como se eu devesse alguma satisfação a alguém dali sopre a minha vida pessoal – hoje eu olho tudo aquilo e penso o quanto eu era otário! Sim, pois eu achava isso “importante”.
Então começou a perseguição ao nosso relacionamento.
De tanto nos encherem o saco, de tanto implicarem, de tanto comentarem (alguns eu até flagrei) e telefonarem entre si, até minha mãe, que inicialmente gostava da Monik, passou a reprovar o nosso relacionamento veementemente. Na época, haviam vigílias em nossa casa: e apareceram umas “profetas” para dizerem que o meu namoro “não era de Deus” e que ela era “resto”.O problema é que, na época, eu levava esse tipo de coisa muito a sério. No dia seguinte eu fui até a casa da tal “profeta” e coloquei ela na parede; ela gaguejou, se “cagou toda” – coisa de quem não banca o que fala. Mas mesmo assim, aquilo me afetou.
Fiquei tão triste que nem queria mais comer nem beber nada. Perdi 6 quilos em duas semanas, estava profundamente deprimido, questionando a “Deus” porque aquilo estava acontecendo, por que eu teria que dar fim a um relacionamento que trouxe mais significado à minha vida e que me fazia tão feliz, que dó me fazia bem.
Muitas coisas semelhantes aconteceram, até que ela (Monik) não aguentando mais, resolveu terminar comigo. Eu fiquei arrasado. E ela de tão triste e decepcionada com tudo, largou a igreja e “caui na gandaia”. Voutou a beber, e a sair para os “shows” da vida. Muita coisa aconteceu nesse maio-tempo. Um dia eu me “revoltei” e resolvi ser “adulto” e assumir o que eu queria: resolvi enfrentar meus pais e a “igreja” e fui atrás dela e reatamos quase que na marra. Disse pra ela o quanto a amava e que passaria por cima da opinião de todos.
E assim voltamos. E apesar de toda a opisoção, tudo voltou ao normal.
Porém, passamos a enfrentar outro “inimigo”: nós mesmos.
O namoro já ia completar dois anos. Eu e ela “cheios de amor pra dar”. No auge da atividade hormonal. Hoje eu entendo porque a Bíblia diz: “não desperte o amor enquanto ele não quiser”. O relacionamento começou a esquentar e ficar beeeeeem mais físico. Só que na época, achávamos, pelo ensino da igreja, que isso era “pecado”. E para não “pecar”, acabamos terminando, novamente.
Porém, novamente não conseguimos ficar longe um do outro, e reatamos.
O relacionamento continuou como estava, e continuávamos, apesar de a nossa consciência fraca nos “acusar” de estar “pecando”. Porém, somado a isso, a posição começou a ficar mais acirrada. As pessoas começaram a mentir a nosso respeito; falavam que ela não me amava e me traía; outros diziam que havíamos transado dentro da igreja ( é mole? O pior era que essas pessoas não recebiam nenhum tipo de disciplina ), diziam que não éramos mais virgens; implicavam até com a posição do banco do meu carro (se tá inclinado é porque eles estavam se pegando por aí…). Essas e outras caíam nos ouvidos de minha mãe, e ela passou a rejeitar Monik totalmente.
Por causa disso, novamente Monik terminou comigo. Mas dessa vez eu fiquei p… da vida com ela. Passei a ignorá-la. Foi o maior tempo em que passamos separados – alguns meses. Cheguei até a conhecer outra pessoa, mas não rolou nada.
Só que “nada podemos contra a verdade, senão em favor da verdade”. E a verdade era que nos amávamos. Então eu conversei com meus pais, e disse que eles iriam ter que nos “engolir”, que eu iria voltar com ela, e que na primeira chance que eu tivesse eu me casaria com ela.
A oposição cresceu ainda mais, e foi na época que eu estava separado dela que conheci a “vida e obra” do pr. Caio Fábio. Não se falava muito dele na igreja, apesar de ele já ter pastoreado ela. Ele já foi um “papa” para igreja evangélica no Brasil, mas falava muito contra ela. Porém, ele, por não amar a esposa como mulher mesmo, acabou terminando o casamento da pior forma: com traição. Adultério é o “pior pecado do mundo” para a igreja, e ele assim se excluiu dela. Então passou algum tempo recluso, se casou novamente e voltou a pregar (saiba mais em www.caiofabio.com). Hoje ele é visto com “herege maldito” pela igreja evangélica. Pelo menos era até pouco tempo; agora ele já é visto como “se ele parar de criticar a igreja, dá pra aceitar ele denovo”…
Comecei a ler o site, e comecei a re-entender o Evangelho na sua simplicidade, e as verdades do Evangelho foram tomando meu coração, e perceber que eu estava sendo o otário de toda essa história; não somente a respeito de relacionamento, mas também do toda a cosmovisão que eu tinha aprendido na igreja. Assim comecei a reagir.
Voltei com a Monik, comecei a ensinar quase que por “osmose” tudo o que eu estava aprendendo para ela. A oposição continuava e aumentava, porém, dessa vez eu via tudo de maneira bem diferente e passei a não mais ficar quieto e apanhar calado. A coisa era tão absurda que, só pra ter uma idéia, a gota para Monik foi quando algumas “irmãs” (velhas, feias, invejosas) reclamaram de um vestido que Monik usou num casamento e o pastor da igreja ligou para os pais dela para a proibirem de usar quele tal vestido novamente. Nesse dia, Monik disse: “nunca mais piso lá”.
Pouco tempo depois eu também saí da igreja. Escrevi uma carta de 10 páginas dizendo tudo o que eu não concordava e abominava, e me desligando de lá (é mais difícul um crente sair da igreja do que uma prostitua de desligar de seu cafetão, tamanha é a perversão do significado do evangelho pra esssa gente).
Sofremos muito, pois tivemos que deixar amigos muito queridos para trás. Além de muitas mentiras terem se espa;hado a nosso respeito após nossa saída da igreja (é, eles te amam entuanto você se submete ). eles pensam que eu não sei, mas sempre tinha alguém que me contava as “novidades”.
Conheci o “Caminho da Graça”, que é uma proposta de igreja diferente dessa que está aí. Lá conheci muita gente boa e fiz amigos, a ponto de eles realizarem nosso chá de panela. Foi pouquíssima gente, ninguém da antiga igreja.
No dia 16 de maio de 2009, nós nos casamos.
E estamos vivendo muito bem, ao contrário do que muitos esperavam. Nunca pensei que conheceria alguém tão interessada na minha felicidade, até nas coisas pequenas.
Alías, tudo isso serviu para eu poder dizer:
“Que se dane o que os outros pensam!!!”
O que tiver que ser, será. Aquilo que é, é e ponto.
Se você vive situação parecida, saiba: esse assunto só compete a você.
Leon
18/10/2009
Cinco meses de casado, e muito feliz